Kallyna Sabino fala sobre sua saída da TV: “Satisfeita”

Kallyna Sabino, jornalista que ganhou destaque no SBT, falou com exclusividade ao Blog EntreTV, sobre sua saída do SBT depois de um período 11 anos, sendo 9 deles entre 2010 e 2019, e 2 anos entre 2023 e 2024. Nesse intervalo, ela esteve na Jovem Pan News.

Ela contou sobre como foi sua saída de ambos os canais, e como foi realizar a transição de sua carreira, e sobre a nova era da comunicação. “Agora é a hora, acho que os sinais estão muito claros, é hora de investir nisso e caminhar com as próprias pernas. Até quando? Não sei, não sei o que será do futuro”, revelou ela após ser demitida do SBT no fim de 2024.

Iniciando como estagiária no SBT em 2010, passou para a reportagem e na sequência para a bancada do SBT Notícias, hoje sendo SBT News. Com o fim do jornalístico na época, uma parte foi realocada e outra dispensada do canal 4 de São Paulo.

Foi quando em 2019, a Jovem Pan News iniciava sua emissora de televisão. Kallyna passaria a ser titular do Jornal da Manhã, atração tradicional do rádio por décadas. Ela revelou dos desafios de precisar se adaptar ao estilo do jornal.

Passou pelo entretenimento do canal, no Pânico, com um bloco de notícias, e seguindo sendo plantonista de finais de semana, passou a ter menos espaço. Em 2023, recebeu uma proposta para voltar para o SBT, onde atuou no entretenimento.

Demitida pela segunda vez no ano seguinte, foi chamada novamente para o jornalismo, sendo âncora da Previsão do Tempo no SBT Brasil. A participação dela e sua interação com César Filho, eram bem elogiados pelo público da internet.

No fim de 2024, foi novamente desligada do canal da Anhanguera, e passou a de dedicar a projetos pessoais, e relata estar feliz nessa nova fase, onde realiza mentorias de comunicação, além de eventos onde ela é mestre de cerimônias.

Leia a seguir a entrevista exclusiva concedida ao Blog EntreTV

Blog EntreTV: Kallyna, como você enxerga seu crescimento profissional nos últimos anos, desde o período de estagiária no SBT até hoje, atuando em outras vertentes do jornalismo, como mentorias de comunicação?

Kallyna Sabino: Nos últimos anos, meu crescimento profissional esteve muito atrelado ao meu crescimento pessoal também. No começo, não. No começo foi tudo muito um experimento. Eu fui para a TV, sendo que a minha intenção era ser redatora, escrever sobre meio ambiente, sustentabilidade. Aí me vi numa televisão, que era o SBT, em 2010, como estagiária. E eu fui deixando a vida me levar. E percebendo o dinamismo da TV, eu notei que a reportagem era o setor que mais me agradava, justamente por poder lidar com histórias e um dia diferente do outro. Eu sou essa pessoa dinâmica, imperativa e que gosta de lidar com pessoas e lidar com histórias. Então fui para a reportagem. A reportagem, por sua vez, me levou para a bancada. E na bancada, eu experimentei no jornalismo a bancada. Fiquei lá até 2019, foi muito legal. E durante esse tempo também experimentei o entretenimento, comportamento, gravando para a Eliana, pro Domingo Legal, até pro programa Silvio Santos na época, enquanto ele era vivo. E descobri ali que eu gostava de comportamento, que a minha praia era mais comportamento, entretenimento. Ter essa licença poética pra contar histórias e escrever textos, porque eu adoro escrever. Só que nem tudo são escolhas, a gente, muitas vezes, tem que dançar conforme a música. Então o meu ciclo no SBT se encerrou em 2019 e eu fui chamada para apresentar, ser âncora na Jovem Pan nesse final de ano de 2019. E aceitei, topei. Era outro mundo, outra coisa. Era bancada, jornal diferente, tradicional, que respirava muita política, muita economia, coisas que eu não lidava quando eu estava no SBT. Eu me vi muito imatura, muito inexperiente e percebi que eu precisava estudar muito, então ali eu fui autodidata, não era algo que eu gostava, política, mas eu digo que hoje a gente fala que não gosta porque a gente não sabe, quando a gente não sabe, não tem como tratar do assunto, então eu dizia que eu não gostava, mas quando eu comecei a estudar, a aprender, passei a gostar de política e executei aquela função da melhor forma que eu poderia executar, dentro dos meus limites, como âncora de telejornal, tanto para a rádio quanto para a TV também, foi bem na época que ela virou TV. Mas a partir daquele momento, já no final de 2022, quando eu já tava mais madura, eu já comecei a pensar diferente. O meu pessoal não estava tão feliz quanto o meu profissional. Eu não me sentia tão satisfeita. E eu recebi a proposta de voltar pra SBT, dessa vez pra entretenimento, e no Fofocalizando. Em 2023, começo de 2023, topei, porque eu gostava de entretenimento, apesar de o formato fofoca não ser o meu predileto, ainda assim eu acreditava que era uma portinha de entrada. Fui, gostei, mas aquele projeto acabou desviando do objetivo do começo, natural, era tudo um teste. Fiquei um ano no Fofocalizando, fui demitida, em menos de um mês voltei para o SBT, desta vez no jornalismo, como moça do tempo, apresentadora e editora da Previsão do Tempo do SBT Brasil. Eu adorei, foi uma função completamente nova, que eu nunca também tinha executado, e achei bem legal, gostei muito, era leve. E estava de acordo com o que eu queria para mim naquela época. Eu tinha mais tempo de sobra para investir em outros trabalhos. Em 2024, eu comecei a me ouvir. Foi quando eu percebi que aquela minha inquietude de 2022 era que eu não me sentia tão útil e tão funcional fazendo o que eu fazia. Mesmo sendo. Eu entendo. Mas eu queria algo a mais. E eu sempre fui ligada a esse lance de educação, de poder orientar, de poder ajudar. E de lidar com o ser humano. Eu gosto. Quando eu comecei a estudar oratória. Além da experiência, da minha prática diária como repórter. Lidando com diferentes níveis de renda, de idade, enfim, de pessoas, eu aprendi a me comunicar muito bem, mas eu precisava de uma base mais específica. Então comecei a ler, comecei a estudar, fiz cursos e quando eu fui demitida no final de 2024, mais uma vez do SBT, eu falei, não, agora é a hora, acho que os sinais estão muito claros, é hora de investir nisso e caminhar com as próprias pernas. Até quando? Não sei, não sei o que será do futuro, mas… Eu dei esse passo de transição de carreira para a mentoria de oratória porque era algo que eu sentia que faltava dentro de mim. E hoje poder ajudar pessoas a evoluírem a própria comunicação, que é a principal habilidade que um ser humano pode ter, é extremamente gratificante. Começar com uma pessoa de um jeito e finalizar as sessões, a mentoria com ela de outro jeito e sabendo que isso agrega valor a ela, independentemente em qual âmbito da vida, pessoas me buscam para melhorar questões profissionais, mas a comunicação ajuda também o pessoal, o afetivo, o familiar. Então eu sei que eu agrego valor. Tem sido muito satisfatório para mim. Então… A partir desse momento, minha vida profissional tem que estar bem atrelada ao meu pessoal. Eu preciso ter autonomia e controle do meu tempo, dos meus horários, da minha vida, para poder estar mais perto de quem eu amo e mora longe, para poder ter mais independência e também agregar na vida dos outros.

Blog EntreTV: Tanto no SBT, quanto na Jovem Pan News, você esteve presente no jornalismo e no entretenimento. Como é para você essa transição de produções distintas, ambas com a necessidade da presença de jornalistas, em especial ao entretenimento?

Kallyna Sabino: Ir para o entretenimento já era algo que eu queria desde que eu provei as reportagens de comportamento para o entretenimento no programa da Eliana, Domingo Legal, Silvio Santos. Eu gosto da descontração, eu gosto de poder ser autêntica, de poder criar mais e o entretenimento te permite ser mais você. O jornalismo, por mais que hoje ele esteja mais livre, por mais que hoje você possa trazer traços da sua essência, ainda é engessado porque é um assunto mais sério, claro, não vou falar de política de economia ou assuntos policiais, factuais conforme eu falaria no meu dia a dia. O entretenimento já te permite isso. Então eu já queria para o “entretê” por causa disso eu tenho esse perfil mais descontraído na minha vida pessoal e eu queria provar. Fui, experimentei o entretenimento de vez no Fofocalizando, foi muito legal, foi uma experiência incrível, conheci uma galera maravilhosa, mas além disso, pude ser eu, pude tirar um pouco dessa cara de jornalista engessada, séria, que eu vinha desde a Jovem Pan, aliás, na verdade, eu comecei a provar o entretenimento no Pânico, na própria Jovem Pan, porque por mais que eu ali, estava para dar notícias, como jornalista, no bloco de jornalismo, era muito mais descontraído do que um próprio jornal. Senão eu não seria as trombetas do apocalipse. Mas, de fato, o entretenimento raiz foi durante Fofocalizando. Gostei muito. Gostei muito mesmo. Mas não é o formato que eu gostaria de fazer pro resto da minha vida. Formato fofoca. Eu adoraria fazer um programa, uma revista eletrônica, que a gente chamava antigamente revista eletrônica, não sei se se chama mais assim. Mas que tenha essa mistura de um pouco mais séria com um pouco mais leve, assuntos mais formais, informais. Eu gosto e eu adoro uma plateia, então se um dia eu apresentasse um programa com plateia, eu ia ficar muito feliz.

Blog EntreTV: A comunicação vem passando por muitas transformações ao longo dos últimos anos. Como tem sido para você lidar com essa nova era de se comunicar, uma vez que você fala com o público da TV e da web ao mesmo tempo?

Kallyna Sabino: Eu vejo essa era de se comunicar desafiadora. Quando eu entrei na faculdade, diziam que acabariam os jornais impressos. E, de fato, a gente vê muito pouco jornal impresso hoje em dia, ou mesmo revista. Agora falam que vai acabar a TV por conta do digital. Não, não vai acabar a TV, mas uma coisa é fato: a TV de hoje jamais será como a TV de antes. O que acontece é que a audiência agora é dividida. Antes era concentrada na TV porque não tinha outro meio, a não ser o rádio, de maior alcance. Mas agora o digital veio com tudo, o streaming está com tudo. E para a gente se adaptar, nós que estamos acostumados com uma linguagem de TV, bom, para mim não foi difícil, para mim é fácil. Mas eu sei que para algumas pessoas ainda rola uma dificuldade maior. É desafiador, tudo que, como essa pergunta é feita para mim, eu digo que para mim é desafiador, claro que é, mas ao mesmo tempo é um desafio que move. E eu gosto de ter mais oportunidades além da TV. Isso amplia o nosso mercado. Então, tem sido gostoso lidar com essa nova era.

Blog EntreTV: Como você vê a Kallyna dos próximos 10 anos? Há planos para seguir na comunicação depois de não estar mais em um canal de TV, ou você seguirá em outra área?

Kallyna Sabino: Meu amor, daqui a 10 anos, esse tipo de pergunta pra uma pessoa ansiosa, não sei o que será da minha vida amanhã (risos), tô brincando. Mas, daqui a 10 anos, vou ter quase 50, não queria pensar nisso, sinceramente, meu Deus, daqui a 10 eu vou ter 47, não sei, não sei, me dá angústia, ansiedade de pensar, não quero pensar muito nisso, mas o que eu posso te dizer é que até onde os meus olhos enxergam, eu sim seguirei na comunicação, sem sombra de dúvidas, de alguma forma ou outra, se eu não estiver em um meio de comunicação, estarei fazendo por mim mesma, como eu disse, em várias frentes, como estou seguindo, a mentoria de oratória tem me dado um retorno bem legal, então estou bastante satisfeita, acredito que eu vá crescer nesse ramo de alguma forma, eu estou criando o repertório, eu sou uma pessoa que tem os pés no chão como é algo novo e ainda assim, sendo novo, eu já tenho alguns mentorados e já tô adquirindo uma experiência bem legal, eu vou devagar como minha mãe diz, devagar com a dor que o santo é de barro, então eu vou devagar, eu quero criar esse repertório, eu preciso me sentir segura pra dar um próximo passo. Eu gosto que o terreno esteja estável pra tudo na minha vida. Então pode ser que eu dê um próximo passo em relação à comunicação e amplie essa questão de mentoria de oratória para treinamentos maiores. Eu já dou treinamentos pequenos, mas para treinamentos maiores, para criar, quem sabe, uma equipe e assim seguir KS Comunicação. Mas é isso por enquanto, até onde meus olhos vêm eu não consigo. A comunicação está na minha veia. Não é o jornalismo, é a comunicação.

Blog EntreTV: Como você enxerga a missão da comunicação hoje em dia e de que forma você acha estar contribuindo para ela?

Kallyna Sabino: Esta pergunta, ela vai muito de acordo com aquilo que eu venho refletindo diariamente com os feedbacks que eu tenho recebido dos meus mentorados. Eu recebi de um mentorado esses dias um feedback de que ele me procurou para aprender a gravar vídeos para o LinkedIn para divulgar a startup que ele lançou. Ele já tem um desempenho legal, são ajustes finos. Mas durante uma das sessões ele disse, Kallyna, o que você está fazendo comigo, você não está apenas me ajudando no âmbito profissional. Você está me ajudando a transmitir quem eu sou de verdade por meio da minha comunicação em todos os sentidos. De uma forma que eu jamais imaginei que aconteceria depois de 50 anos de vida. Ele tem um pouco mais de 50 anos. E eu ouvi isso e fiquei, uau. Ouvi de uma mentorada que fiz uma sessão presencial agora, recentemente, que ela queria me colocar num potinho e me deixar na casa dela. Porque enquanto eu estou ali orientando-a, ela não apenas aprende aquilo que eu falo, mas a forma como eu falo e que ela passa um raio X em mim para ela absorver toda aquela informação e também a forma como eu falo e falar igual. Eu esses dias estava lendo um livro, e faz muito sentido em que ele cita, se eu não me engano o termo é “maldição do conhecimento”, é esse o termo, que a gente adquire conhecimento em uma área de uma forma tão grande e desenvolve isso de uma forma tão grande que a gente não imagina que a outra pessoa não saiba também. Mas hoje em dia eu percebo que tem muita gente com deficiência em comunicação, em se comunicar bem. Tem muita gente sábia, com vasto conhecimento e um vasto repertório, mas que não consegue transmitir aquelas ideias. Não de forma assertiva, não de forma envolvente e persuasiva. E eu sabendo fazer isso, e podendo ajudar as pessoas também a fazerem isso, é maravilhoso. Então, eu acabei validando este meu conhecimento e reconhecendo que eu tenho conhecimento grande sim nessa área e que eu posso compartilhá-lo dessa forma. Então, acredito que eu esteja contribuindo na comunicação hoje em dia neste sentido, ajudando outras pessoas a se comunicarem melhor e, portanto, serem pessoas melhores tanto na profissão quanto na vida pessoal, afetiva, o que for.