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Achar que a TV aberta morreu é o mesmo que acreditar que a Terra é plana

A TV, seja ela aberta ou paga, segue viva em meio ao crescimento do digital, não somente do streaming, mas também do consumo em conteúdos de redes sociais. E para quem pensa que o interesse diminuiu, podemos dizer que ele se expandiu. Ou seja, os conteúdos de televisão hoje podem ser vistos de qualquer lugar do mundo para além de um televisor.

E é essa facilidade que faz as emissoras e grupos de comunicação investirem não somente nas suas programações, como na forma como elas vão chegar a quem é destinado. Com a atualização do Kantar Ibope Media em quantas pessoas e domicílios estão em 1 ponto, é comum que com o passar do tempo, se acredite que menos pessoas estão vendo TV.

Mas, o crescimento populacional é um dos fatores esquecidos que interferem diretamente na aferição de audiência, mesmo com a alta no consumo de produtos digitais, como serviços de streaming em vários dispositivos, como desktops e smartphones.

Dados do relatório da We Are Social com a agência Meltwaer, sobre dados do mundo digital no Brasil em 2024, mostram que em 2014, apenas 55 de cada 100 brasileiros acessaram alguma rede social.

Dez anos depois, o percentual pulou para 88 em cada 100 brasileiros que usam essas plataformas. O salto nos índices de acesso a esse tipo de conteúdo representa um aumento de quase 70%, segundo o relatório.

O streaming também cresceu. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) em Tecnologia da Informação e Comunicação no ano de 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 4 em cada 10 residências brasileiras tinham o serviço por assinatura.

A alta foi de 4,1 pontos em relação ao ano anterior, que também se aplica ao número de televisores por casa, passando de 69,6 milhões para 71,5 milhões, mesmo com a leve redução de 0,6 ponto percentual quando tratamos da quantidade de aparelhos por cada residência no Brasil.

Agora entram os dados que vão chegar ao ponto chave desse artigo. Dos que utilizam o serviço de streaming, 95,3% também acessaram canais de TV. Os que sintonizam canais abertos são 93,1%. Já quem opta por TV aberta e paga, o número é de 41,5%.

Com toda essa base de informações, podemos afirmar com clareza: a TV não morreu. Nem a aberta e muito menos a paga. E é interessante abordar sobre a PayTV diante de tantas outras alternativas de acompanhar notícias, variedades e entretenimento.

Dois exemplos são o do Grupo Flow e do UOL. Falando do grupo liderado por Igor Coelho, o canal de notícias na internet busca um jornalismo mais conversado para quem deseja fugir do tradicionalismo das emissoras de TV. Vale destacar que o Flow News organizou um debate para a prefeitura de São Paulo em 2024, mediado pelo jornalista Carlos Tramontina.

Já o canal do Grupo Folha, encabeçado por Luiz Frias, lançou neste mês seus novos estúdios, com uma melhor estruturação para seus programas, em especial do jornalismo, que entra na disputa pelo Ibope da Grande São Paulo, brigando com a CNN Brasil, BandNews TV e Times Brasil Licenciado Exclusivo CNBC.

Claro que todo e qualquer investimento para levar a informação para mais pessoas é totalmente válido. Afinal, jornalismo democrático deve ser acessível para todas as pessoas. Mas também não se pode negar que a maior parte dos brasileiros ainda preferem se atualizar das notícias no Jornal Nacional, ler no G1, ou em outros portais em alta, como R7, UOL, Folha, entre outros.

Bater de frente com quem já está consolidado no mercado é de cara o maior desafio. Mas claro que não se pode ser tão ousado assim de inventar um jornal exibido ao vivo pelo YouTube, e querer que ele seja mais assistido que o jornalístico de William Bonner e Renata Vasconcellos.

E cada vez mais prova-se que a credibilidade vem em primeiro lugar e a qualidade do conteúdo ali exibido. Ainda mais sendo ao vivo e em horários onde se tem o maior número de televisores ligados. Entrar no mercado das comunicações é entrar sabendo dos riscos de que se não houver planejamento e estratégia, o fracasso o aguarda.

Exemplo. A Max possui diversas produções em seu catálogo. Mas resolveu lançar sua própria novela, e o resultado foi um aumento na demanda da plataforma. Ou seja, não é só pensar em criar mais um produto; e sim, como está a preferência de quem vai assistir, e de quem vai repercutir.

Beleza Fatal entrou em um hype gigante, e reuniu centenas de brasileiros para saber do desfecho, com direito a exibição em bares no horário de lançamento do capítulo final. Mas aqui entra um divisor de águas se quem acha que se é sucesso em um, vai ser em todo lugar que estiver.

Na tentativa de recuperar o público que foge dos horários da igreja evangélica, vendidos pela Band, a trama entrou na programação do canal, e foi rejeitada até a metade de sua exibição. E aqui analisamos dois fatores: o primeiro é que o horário não contribui para uma performance melhor na audiência, e o segundo é que o público da TV não é definitivamente o mesmo do streaming.

E entender esse movimento é fundamental quando se lança algo na grade de uma emissora de televisão, ou para alguma novidade dentro desses streamings, levando em consideração o comportamento desse público, quem são eles e quais horários são os mais acessados.

Se tratando de adaptação, e usando a Globo como referência, cada vez mais o jornalismo se adapta a necessidade de se consumir a informação de diversas formas. Telejornais como o Bom Dia Praça e Praça TV, passaram a adotar um jornalismo de mais prestação de serviço e ao vivo.

Ou seja, quem for assistir ao SP1 na capital paulista, sabe da informação, suas atualizações até aquele momento e decisões de última hora que vão impactar na vida das pessoas. E é um conteúdo usado na TV e na internet, através do G1 e das Redes Sociais em cortes replicados nos perfis oficiais, e que servirão de debate e formação de opinião pública.

Se atentar para produzir uma programação cada vez mais multiplataforma é saber que diversos públicos serão alcançados, e daí pode-se obter lucro para novos investimentos. É o que a emissora carioca vem fazendo desde então, com alta em faturamento e lucro, deixando aberto os caminhos para apostar em novos projetos.

*O texto é de responsabilidade de seus autores, não representando o posicionamento deste site.

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